Imenso e eterno farol, neste mar largo de pranto.
Bem hajas água da fonte, que não desprezas ninguém.
Bem haja a urze do monte, que é lenha de quem não tem.
Bem hajam rios e relvas, paraíso dos pastores.
Bem hajam as aves das selvas, música dos lavradores.
Bem haja o cheiro da flor que alegra o lidar campestre.
E o regalo do pastor, a negra amora silvestre.
Bem haja o repoiso e a sesta, do lavrador e da enxada.
E a madressilva modesta, que espreita à beira da estrada.
Triste de quem der um ai, sem achar eco em ninguém.
Felizes os que têm pai, mimosos os que têm mãe.