quarta-feira, 25 de agosto de 2010

universo

Encontremo-nos, então. E que, desta vez, seja para sempre. Que pertença à eternidade o nosso abraço. Que esteja confiado às mãos do "para sempre" o beijo que te dou. Que a aurora jamais se transforme em dia claro. Que o crepúsculo não ceda à noite, e esta nos venha envolver com o seu negro manto. Ou que aconteça tudo isto, e não nos apercebamos, suspensos que estamos, num espaço que só nós respiramos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

the wolves at my door

you're the wolves at my door.

How can I love someone like her? (someone that loves me back)

all my life I've tried to find someone that would laught at my jokes. when I think about it, I'd rather have someone that cries with the same songs. how can I know if things are worth it if I can't let you smile? these dreams, I can't make sense of. I need you to tell me it's ok. can I love somebody else? can you cry with another man? can she betray me like you did?

today I found a new door. you would love that. I'll never find another woman that likes to gaze at the stars like you do.

you're still at my door.
(and these dreams don't make sense either)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

crónicas de um soldado apartado: Maria, seu lar em ruína

Trouxeram-me os algozes a noticia, e à beira-rio me plantei. Por ti não verti lágrima alguma, e o rio continuou o seu curso. Cantei, para ti, o canto da terra, da força criadora, quando fraca me encontrava. Triste, lento, embalado. Mergulhei o meu braço na água. Depois o tronco. Flutuei. Tornei-me parte do leito do rio, na esperança de que lá, onde o olhar perde a vista, te encontrar. Mar de sal que te matou. Lembra-te do meu nome, Maria, quando deres o óbolo ao barqueiro. Que embarquemos os dois, já mortos, para o que há-de vir.

domingo, 8 de agosto de 2010

Skinny Love

Estou novamente de viagem, parto de comboio tendo-te como destino. Contudo, não sei para onde parto, não sei quem tu és. Só tenho esta viagem, onde espero encontrar-me. O cansaço bate e, por entre pensamentos vazios, vejo-me, exposto. A claridade, lá fora, preenche os espaços que me deixaste, sempre esta ignorante procura de inspiração.

Aqui, enquanto não consigo escrever, sofro - não é por ti que sofro, mas por mim -, pois deixaste-me nesta ridícula condição. Sou mais um fado desencontrado, mais um amante prometido. Sou eu quem te quer ter como meta. Hoje sei que quando chegar à estação vou ter que perceber que a corrida foi ontem, e foi outro quem te ganhou.
Faz-me um favor: fecha os olhos e lembra-te das tuas viagens. Diz-me agora o que vês. Consegues ver os campos verdejantes à tua frente? Consegues sentir o vento a bater-te nas pernas? Ou pelo menos lembrar o cheiro da rapariga de olhos azuis que costuma sentar-se ao teu lado? Eu não me lembro de quando beijei a tua boca pela primeira vez. Eu já nem me lembro se alguma vez beijei a tua boca. Lembro-me dos teus Marlboro amaçados e da tua mala castanha de viagem. Como era a tua voz? Costumavas gaguejar antes de dizeres que me amavas? Apenas sei que sorrias quando te acordava com um beijo. Não me lembro se tinhas olhos azuis ou verdes. Talvez verdes. Mas adorava ver os teus pés morenos a baloiçar ao vento.
Agora sei que tens outro homem e és feliz, mas não sei se alguma vez eu fui teu. Se fui, apenas foi por teres pena de mim. E compreendo isso. Eu amava-te demais. Demais para estar contigo. (Suponho que nunca vás perceber o que isso é).

A minha estação está próxima. Não sei que mais te dizer.
Não te consigo tirar da cabeça.
(Talvez até encontrar alguém novo)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

cartas perdidas: post scriptum

(nós nunca nos despegamos dos que não existem quando estamos sozinhos.)

está a ser difícil não pensar. está a ser difícil não imaginar. Está a ser difícil não ser eu. mas desta vez vai dar certo. desta vez vou conseguir. desta vez não vou falhar.

não me quero agarrar a uma ideia. a uma imagem. a uma expectativa. é tudo tão vago, que torna o risco ainda maior. se eu só funciono no plano abstracto e se fujo do concreto a passos largos, desta vez isso deixa-me inseguro. e com isso não sei funcionar. que estupidez tudo isto. que raio de objecções aleatórias. merda.

talvez tenhamos mais aventuras loucas e selvagens, talvez não, mas daqui para a frente, não serei eu a inventá-las.

quero andar de cavalo. quero tomar um café envenenado. quero passar por entre vidros. quero ver tudo azul e formigas a voarem.

ainda estás ai?
ainda estás?
...ai?

eu sempre estive aqui. moro dentro da tua objectiva e cubro-me com a tua película.



é preciso esquecer tudo
tudo pode ser esquecido