quinta-feira, 25 de março de 2010

Flume

É fácil olhar para trás, e encontrar, entre tumultos e gritos que nunca foram entendidos, momentos que fazem as pessoas sorrir além das suas trivialidades. Cada toque, cada gesto, cada palavra tem o poder de transcender do seu estado e tornar outro dia qualquer no dia em que algo aconteceu. Toda a gente se lembra da primeira vez que beijou a sua cara metade, ou a primeira vez que disse as palavras que todos anseiam dizer. Todos os casais têm o café no qual se conheceram, o amigo que os apresentou, ou até mesmo a sua música. Eu tenho uma música, que é minha, mas também é tua.
Hoje, enquanto observava as paisagens que a viagem de comboio me oferecia, ouvia a minha música. Lembrei-me de ti. Sem qualquer motivo, lembrei-me de ti. Por momentos, pensei que as lágrimas me fossem escapar por detrás dos óculos de sol. Via o sol a por-se, com o céu completamente cor de laranja, tudo era agradável. Apercebi-me que tudo isto - todas as músicas que apertam o coração, todos os por-do-sol que fazem sorrir sem motivos ou todas as viagens que me fazem querer viver mais - recalca-me por não te ter comigo. Nem uma discussão, nem um abraço, nem um grito, nem um beijo. De ti não há nada, pois também nunca quiseste dar algo que fosse teu. Cheguei a pensar que podia vir a ser feliz contigo, e fico triste por nunca ter tido a chance para ver que estava errado. Eu tinha uma música, que era tua, mas apenas eu a ouvi.

3 comentários:

  1. a intensidade que lhe transmites é.. fantástica, deu para transmitir exactamente aquilo que pensaste sentir
    o ser humano tem destas coisas, da trivialidade dos momentos confere-lhes significado, mantém um legado reproduz-lo e re-sente-o

    ResponderEliminar
  2. Um texto sem dúvida perfeito. Perfeito para mostrar todos os sentimentos :')

    ResponderEliminar