Em Circus há uma curiosa sensação e portanto estranha familiaridade nos olhares das pessoas, nos recortes dos locais. Não existe o glamour dos bastidores, apenas o esforço destas pessoas em mostrarem-se mais um pouco. Assumem assim as suas stage personas fora do palco, estendem a sua fachada, são freaks por mais um bocadinho. Aqui não existe o "momento decisivo", apenas um momento. Nas palavras de Susan Sontag, Nenhum momento é mais importante que outro, nenhuma pessoa é mais interessante que outra.
A câmara é o veículo mais fluido para encontrar aquela outra realidade. O prolongar do espectáculo, o prolongar da identidade, da falsa identidade. Os rostos são apenas uma pequena referência do que é ser humano, nesta teia de outsiders, onde qualquer um pode ver o seu próprio rosto, e perceber que também está de fora. Aqui existe a aceitação, a aceitação de uma nova realidade, estranha e imaginada, onde tudo parece tão verdadeiro como a outra.
Reflexão sobre Circus, de Sara Reis
Sem comentários:
Enviar um comentário