segunda-feira, 16 de agosto de 2010

crónicas de um soldado apartado: Maria, seu lar em ruína

Trouxeram-me os algozes a noticia, e à beira-rio me plantei. Por ti não verti lágrima alguma, e o rio continuou o seu curso. Cantei, para ti, o canto da terra, da força criadora, quando fraca me encontrava. Triste, lento, embalado. Mergulhei o meu braço na água. Depois o tronco. Flutuei. Tornei-me parte do leito do rio, na esperança de que lá, onde o olhar perde a vista, te encontrar. Mar de sal que te matou. Lembra-te do meu nome, Maria, quando deres o óbolo ao barqueiro. Que embarquemos os dois, já mortos, para o que há-de vir.

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