quarta-feira, 5 de maio de 2010

cartas perdidas: a despedida

Desta vez falaste-me da forma que eu menos esperava até então. Tão longe de mim enviaste-me uma carta. Nela, Almada, dizias

Vivi num estado onde nem ousam entrar. Flutuei. Planei acima, intocável. Vivi a vida de um outro eu. Mudei assim, segundo as tuas teorias malucas do universo. Com a pequena diferença de que me apercebi.
Agora dói.

Novamente, como em muitas dolentes noites em que a chuva bate, solitário, invoco Garcia Lorca, que tanto amavas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!

Eu pronuncio o teu nome na noite e isso dói mais que nunca.

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